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respirar

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As coisas são como são. As pessoas são o que são. Toda a mágoa é a ferida da expectativa frustrada. Porque o outro é a imagem que dele fazemos. Eventualmente resultado de um querer. Ou entendido como um apoio na caminhada. Ou uma fantasia de segurança onde possamos derramar com à-vontade a nossa vulnerabilidade. Ou partilhar uma rodada de desabafos. Ou uma luz de confiança. Ou uma ambição. Não deixa de ser, em todo o caso, uma infantilidade do ego. Melhor, o apego à nossa ideia, tornando-nos não raro cegos a (algumas) evidências que se nos escapam por tão embrenhados nos encontrarmos na nossa íntima viagem.  A traição é mero entendimento, percepção que pode ter cor diferente. Entender é facílimo. Resolver (e nitidamente ver) em nós o sentimento despoletado é o gume da coisa. Há o corpo de dor. Há demasiadas palavras. E perguntas: que perguntas encontram. Narrativas que se entrelaçam. Interpretações várias de pretéritos parágrafos. Contos em que as fadas se recusam a serem personagens para nosso espanto e confuso desapontamento. É que é de nós, sempre, que o romance trata. Tratarmos de desvendar o enredo é a chave – nem sempre fácil de encontrar…