Inventei-te neste quadrado em que me exponho ao Sol. É uma clareira. Entre árvores. Os ruídos dos bichos lembram vozeares antigos, soltas sílabas que vivem na penumbra – e não chegam a este espaço aberto. O rio canta limpo, perto do meu ensolarado estado, relembrando o tempo presente que corre, avança, devagar e contínuo, rumando para a cascata que sei haver. Nunca a vi – é a imaginação que me a traz, fresca, viva, de ininterrupta vontade. Cresço por dentro, rompo a pele, e é do alto que observo o teu vago caminhar. Aparentas peregrinar. Mas, provavelmente, estarei enganado. Parece-me mais certo: é para as ruinas que te encaminhas: onde os deuses nos deixaram.